Sabem? A minha paixão pelo teatro
começou quando eu tinha 18 anos. Tinha acabado de entrar para a faculdade e foi
nesta altura que também disse “Boa noite” a quem muito queria para depois ir “com
as aves”. Uma cidade gigantesca, prédios, autocarros, pessoas e mais pessoas,
desespero, cansaço, saudades…
Aos poucos, deixei-me invadir
pela cidade-menina e quando dei por mim, estava apaixonado por ela. Sem querer,
e a partir de um convite de uma amiga (ainda me lembro do nome dela, Teresa…),
fui parar ao Teatro da Faculdade. Quem o ia orientar era uma pessoa chamada
João Grosso, nome que me era totalmente desconhecido. Hoje, falar do João é
falar de magia, do teatro na sua verdadeira Essência. Altos e baixos depois,
ficou-me instalado um “bichinho” que nunca mais saiu. Passou a fazer parte da
minha vida…
Sem que contasse, como tanto na
Vida, vim parar a esta escola. Na altura, houve quem tivesse reconhecido esta
nobre Arte e assim nasceu um palco. Por muito que o espaço onde se encontre não
seja o mais adequado, tornou-se o Espaço-Teatro. Mais tarde surgiu o nome do
Grupo. E ligado a este nome foram tantos e tantos os que o sentiram e que lhe acrescentaram
Vida. Estar-lhes-ei eternamente grato. Sempre. São muitas as saudades. Às vezes
avassaladoras. Mas como cantava tão bem Freddie Mercury, “The Show Must Go on”.
E continuei a sonhar, a querer mais. Depois, veio a Incompreensão, o Obstáculo,
os Homens Cinzentos de “Momo”. O Teatro parou. Quase morreu. Ficara um sonho. O
de sentir a cumplicidade dos menos novos, o de partilhar paixões com pessoas
que também gostavam de o fazer e cujas vidas permitiam, apesar de todas as
dificuldades. E conseguiu-se. De forma muito tímida, inicialmente e depois o
Grupo a crescer cada vez mais, a reinventar-se ensaio a ensaio.
Já há alguns meses que andamos
nisto. Sextas. Sábados. Domingos. Deixámos de saber o que é não ir um dia à
escola. Porque vale a pena amar a Arte. Vale a pena estar em cima de um palco.
Vale a pena sentir que nos emprestamos a quem de nós se quer dar a conhecer.
Somos. E somos instrumentos de vontades, de desejos, de sonhos, de frustrações,
de preocupações. Rimos muito, discutimos ideias, apoiamo-nos, auxiliam-nos. Tem
sido sempre assim no hYbris Théatron
ao longo destes anos. Também choramos, também nos arrependemos, também nos incompreendemos. Mas estamos lá. E
agora, nesta fase, cansados, muito mesmo, a tentar manter ritmos, a encher o
palco. E, no fim, para tudo vos dar, ao público. Aos Deuses. Porque só assim
faz sentido. E fica sempre o desejo, o pedido. Venham ver-nos. Permitam-nos
dar-vos tudo isto. Venham, connosco, celebrar momentos bonitos da Vida.
Troquem, connosco, sorrisos, abraços quentes, toques de mãos, piadas. Porque o
Teatro merece. Porque a Vida merece. Ou apenas porque sim.
Em Junho. No dia 21.
Às 21 horas. No Espaço-Teatro.
Cá vos esperamos. Fiquem hYbris.